O que você precisa saber antes de viajar para Viena

Viena é um destino surpreendente nos mais singelos detalhes. Ainda que a gente já tenha ouvido falar, a cidade não figura nos roteiros mais tradicionais de cidades para conhecer na Europa, mas vale cada segundo e eurinho gasto. A arquitetura é embasbacável, as comidas são gostosas, a programação cultural é intensa e a cultura bem diferente. Tem muito para se ver e a cidade consegue abraçar diferentes programações, roteiros e bolsos – desde que você se planeje direitinho.

Agora, existem algumas dicas sobre Viena que eu não encontrei em nenhuma pesquisa. Pontos importantes que eu gostaria de saber e que teriam evitado alguns perrengues chiques que passamos durante a viagem. É para te contar tudo que crio o post de hoje, um guia do que você precisa saber antes de viajar para Viena.

Falar inglês nem sempre vai ser a solução dos seus problemas

Uma montagem meramente ilustrativa pra você já começar vendo A BELEZA dessa cidade

Esse é um ponto importante. Em geral, os menus, placas, totens de comprar tíquete de metrô e tudo mais que você possa precisar vão estar em alemão e sem opção traduzida. Com as pessoas é a mesma coisa: seja em restaurantes, bares, transportes, mercados ou quando alguém te aborda para pedir informação, a primeira tentativa vai ser sempre em alemão. Aí tem que pedir desculpa, perguntar se a pessoa fala inglês e nem sempre ela vai falar. Nos pontos turísticos é obviamente mais fácil tentar se comunicar, mas nem sempre, e ao dobrar uma rua para o lado a história geralmente é outra.

Bora tomar um cházinho? 🫖

Agora, se com as pessoas a gente consegue gesticular e ir tentando, não tem carisma que desvende as placas. As palavras são bem grandes, com poucas vogais e dá um nó no cérebro nos dois primeiros dias. Então, se você pretende se locomover do aeroporto usando transporte público, eu fortemente recomendo que tenha o trajeto bem anotadinho e salvo em algum lugar, sabendo exatamente quais estações e baldeações precisa pegar. Uma das amigas que viajou com a gente pegou o trem pro lado errado (!) e nós só entendemos o que precisávamos fazer e pra onde ir porque nosso 4G funcionou perfeitamente assim que saímos do avião.

Linda no trem, depois de achar que iria morar na estação porque não sabia pra onde ir

Dito isso, ter um app de tradução – ou dicionário se você for analógica – é importante até pra comprar a água certa no mercado. Parece bobagem? Pois minha amiga, não menospreze a decepção de acordar de ressaca, seca por dentro, abrir uma garrafa geladinha e ouvir tschhh – vulgo sonoplastia de água com gás.

Depois de preparada para a experiência, com a segurança de ter como escrever socorro no tradutor, foi uma experiência bem legal ter gente falando um idioma completamente diferente do que estávamos acostumados e aprender algumas coisinhas. Também deu para colecionar uma série de histórias divertidas, tipo meu namorado querendo dar boa noite pro guarda e mandando ele ir dormir ou a gente achar que uma placa “Einbahn” significava um lugar turístico muito famoso, já que tínhamos visto em várias ruas, sempre apontando pra uma direção. Eu fiz até a piadinha de que todos os caminhos levavam à Einbahn. Sabe o que Einbahn significa? Mão única kkk

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Retomando: tenha seu trajeto salvo, se puder, coloque aquela internetzinha no celular e viel glück – em ptbr, boa sorte!

A cidade é linda, linda, linda

Uma rápida busca de imagens já revela que Viena é muito bonita, repleta de palácios impressionantes, catedrais góticas e museus que merecem a visita nem que seja para olhar de fora. Mas a beleza da capital austríaca vai muito além dos pontos turísticos e ruas centrais, espalhando-se pelos mais inesperados cantinhos.

Nós caminhamos muito durante a semana que ficamos lá – com uma média de 12 km/dia – e isso nos possibilitou conhecer muitas ruas residenciais ou secundárias lindas, que obviamente não estavam no roteiro. Então, se eu posso dar uma dica, caminhe bastante e explore outras ruas. Há muito por descobrir e se deixar apaixonar em Viena.

O transporte público funciona super bem – e é rápido!

Já cheguei a mencionar o quanto a cidade é linda?

Não é lá muito fã de caminhadas longas ou tem pouco tempo pra conhecer a cidade? Os trens e metrôs funcionam muito bem, te deixam do ladinho dos principais pontos turísticos e são rapidinhos – várias das linhas passam de 6 em 6 minutos (!). Em setembro de 2021, um bilhete de metrô custava 2,40 €, mas também existem vários pacotes pra economizar de acordo com as suas necessidades de locomoção e período que vai ficar na cidade.

Viena é uma cidade MUITO cultural, mas pra fazer os programas turísticos tem que preparar o bolso

Viena é uma cidade com muitos museus – e quando eu digo muitos, é MUITOS mesmo! O MuseumsQuartier, que é uma espécie de “bairro dos museus” tem 90.000 m² e 60 instituições culturais, sendo considerado uma das maiores áreas de arte e cultura do mundo. Isso sem falar nos palácios, nas óperas e nas casas-museu do Freud e Mozart… Definitivamente muito para ver, né? Pois cada uma dessas atrações é paga. Um valorzinho simbólico, você me pergunta? Não, um valor alto. O ingresso para o Albertina, um dos museus principais, custou 17 €, enquanto o Museu de História da Arte custava 22 €. Até a Biblioteca Nacional, que só tinha uma sala para visitação, custava 8 €.

Eu sempre pesquiso os dias ou horários gratuitos pra organizar o roteiro e eis que… Não encontrei 🤡 Então, se você é uma mera mortal com orçamento reduzido, como eu era, vale escolher suas batalhas culturais, parça. Eu acabei indo no Albertina e na Ópera Estadual de Viena – uma experiência única, que eu super indico viver uma vez na vida, e falando em Ópera, te sugiro comprar o segundo ingresso mais barato, que foi o que eu comprei. A galera que apostou o mais barato teve que ficar meio que de pé pra conseguir enxergar alguma coisa e mesmo assim não rolava tão bem.

Uma montagem só com fotos da Ópera pra você ver a elegância do evento

Caso cê tenha tempo e €€€, outros museus que gostaria de ter visitado são o Mumok, Museu de Arte Moderna, o Museu de História da Arte, o Leopold Museum, que reúne arte moderna e contemporânea austríaca, e a Haus der Musik, museu de música. Ah! Também existe uma modalidade de ingresso chamada Vienna Pass, com cerca de 60 atrações grátis, ônibus e a comodidade de não pegar fila, mas também achei bem caro – 79 € por UM dia – e DETESTO a ideia de passar pelos lugares correndo. Mas sem julgamento, se for a sua vibe espero que cê se divirta muito!

O Donaukanal não é onde o Maps diz

O início de um sonho, deu tudo errado, mas depois deu certo

Toda viagem precisa de um perrengue pra ficar para a história, né? Pois este tópico é para que você evite passar pelo mesmo que eu – e várias outras pessoas, de acordo com os comentários na localização. Uma amiga de uma das amigas que viajou com a gente sugeriu que a gente visitasse o Donaukanal, um braço do rio Danúbio que fica dentro da cidade de Viena.

Segundo essa amiga, o Donaukanal era uma região cheia de bares onde os locais vão para beber. E foi essa a dica. Então os turistas, no auge da sua ingenuidade, colocaram “Donaukanal” no Maps e seguiram o caminho andando. Andando bastante, com nada ao redor além da autoestrada à direita e as águas do Danúbio à esquerda. No máximo passavam algumas pessoas de bicicleta ou fazendo exercício. Isso já era quase 7 da noite e ninguém no mood happy hour ao redor. Nem mesmo os grafites, que eram outro ponto bastante presente nas fotos, davam o ar da graça. A gente ria e seguia – cada vez mais longe do real destino.

Sim, existe um Donaukanal jovem, com bares e tudo mais. Porém, ele fica do lado completamente oposto ao que a localização do Google Maps diz. Segundo a Internet, o canal estende-se por 17,3 km!! Mas a pessoa que indicou não nos disse isso. Não nos deu nenhum bar de referência. Foi só quando a gente de fato chegou na localização “correta”, que tivemos certeza que tava tudo errado.

Pedimos informação pra uma pessoa que estava correndo e ela olhou no fundo dos nossos olhos e disse: “ih, é lá pro outro lado, uma meia horinha se vocês forem correndo”. Seguindo o arquétipo do brasileiro que não desiste nunca, nós voltamos TODO o caminho. E vou te dizer que quando cheguei no lugar certo não achei tudo isso não, viu? Pra uma sexta-feira à noite tava bem parado e desanimado. Mas é isso: se você quiser visitar o Donaukanal, vale colocar algum desses restaurantes como referência: KLYO, Motto am Fluss, ou Blumenwiese.

As cozinhas fecham cedo

É assim que a sua mesa fica depois das 22h: sem um mísero petisquinho

Outro tópico que a gente descobriu da pior maneira: as cozinhas fecham cedo, seja em restaurante ou bares. E cedo é tipo dez da noite na maioria dos lugares – com os mais boêmios funcionando até meia-noite. A partir daí os lugares vendem bebida, mas nem uma batatinha pronta ou amendoim será oferecido para beliscar.

Quem é acostumado a jantar tarde ou ficar com aquela fominha pós bebida vai ter que correr para McDonald’s ou pros “Kebabs”, lanchonetes geralmente indianas com precinhos super inhos e horários de funcionamento que vão até de madrugada.

Domingo quase tudo está fechado

O olhar contemplativo de quem só quer almoçar

Quer passar no mercado pra comprar uma aguinha ou fazer aquele cafezão da manhã em casa antes de sair? Pois no domingo isso vai ser praticamente impossível. Grande parte dos mercados, padarias e até mesmo restaurantes fecham no domingo. E é até meio esquisito, porque a cidade parece vazia no domingo, com aquele silêncio típico de cidade grande no período de férias, sabe? Então antecipe suas comprinhas ou pesquise restaurantes abertos no dia.

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Bom, acho que é isso! Temos um guia não convencional de Viena, pra você eliminar ao máximo a possibilidade de perrengue. Espero que seja útil e, retomando o que eu disse no começo do post, Viena é uma cidade surpreendente, então, se couber no seu roteiro, eu indico demais!!

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