Segunda maior cidade da Croácia, Split mais parece uma cidadezinha de interior saída diretamente de um filme, de tão bonita que é. Olhando pra ela, talvez seria difícil pensar no adjetivo maior, já que seus meros quatro kilometros de distância entre uma ponta e outra são facilmente percorridos em uma caminhada breve. E se você está em busca de um roteiro completo do que fazer em Split em dias de chuva e sol esse post tem tudo pra ser o seu novo melhor amigo!

As ruas da cidade são de pedra, com casas antigas cheias de charme e um montão de restaurantes pelo caminho. O ritmo é lento, sobretudo em abril, época que precede o turismo de verão, momento em que suas estreitas quadras, orlas e escassas faixas de areia na beira da praia estarão lotadas. Sem esperar, você está andando por aí e se encontra em um castelo antigo ou um arco que te direciona para novos caminhos a desbravar. É bonito de ver. Um trajeto até o mercado pode te encher os olhos. E perceba que eu nem falei da sua maior atração: as praias.

E não é que as praias não mereçam destaque. A água cristalina encanta, mesmo que o entorno não seja lá tudo aquilo. Minha demora em mencionar essa atração mais clássica é causado apenas por um desencontro climático: dos 7 dias em que ficamos lá, choveram 6. Sim. Seis. Por isso, tive que desvendar e desbravar a cidade a partir de outros ângulos e encontrar outras atrações pra ocupar os meus dias preguiçosos.

Entre restaurantes vegetarianos gostosinhos, pontos turísticos e museus, vem conferir o que fazer em Split faça chuva (espero que não), faça sol.

Centro Histórico

Esse é definitivamente o lugar para visitar. É no centro que vão estar os palácios e portões antigos, os museus, os restaurantes mais turísticos, as praças… A marina também se encontra nessa região e eu fortemente recomendo que você se hospede por ali. Foi o que eu fiz e zero arrependimentos.

No centro de Split, a dica é se perder pelas ruelas, passar pelos arcos, tocar as paredes de pedra e se deixar surpreender. Eu nunca tinha visto nada assim antes, é lindo, lindo mesmo. Dito isso, o centro de Split é bem pequetuxo, você consegue ver os principais pontos em 1 hora, eu acho, mas o mais gostoso é ir sem pressa, parar pra comer, entrar nas lojinhas de artesanato local… Ir seguindo o que você estiver a fim de fazer.

Palácio de Diocleciano

Um dos monumentos da arquitetura romana mais bem preservados do mundo, o Palácio de Diocleciano foi construído entre 293 e 305 d.C. e é um marco na história romana. Construído a mando do imperador que o nomeia, considerado um dos maiores imperadores romanos, o palácio serviu como seu refúgio depois de abdicar do império graças a problemas de saúde. Original da região da Dalmácia, ele queria voltar a viver em sua terra natal.

Mistura entre fortaleza e vila, é muito legal andar entre suas dependências hoje e ver os restaurantes e uma cidade contemporânea cercada por toda essa arquitetura repleta de séculos de história.

Catedral de São Dômnio

Dentro das dependências do Palácio, a Catedral de São Dômnio é bem fácil de reconhecer: entre as ruínas, sua torre em camadas se destaca. Eu não sou exatamente a maior entusiasta do turismo sacro pago kkk, então não entrei, mas é bem bonito de ver de fora, sobretudo contrastando com as ruínas do palácio.

São Dômnio é o santo padroeiro de Split e, por ser cristão, foi morto nesses arredores a mando do próprio imperador Dioclesiano. Sabe o que é mais curioso? Que o imperador foi enterrado ali, na mesma catedral que possui o nome de alguém que foi morto por pregar a religião a qual o imperador era contra, a mando dele, inclusive. Ai, ai, as ironias da vida ou do pós-vida.

Prokurative

Uma praça belíssima, de frente pra orla e com uma série de restaurantes e cafés, a Praça Prokurative é oficialmente conhecida como Praça da República. Com arquitetura neo-renascentista, seu formato foi inspirado na Procuratie, famosa praça de Veneza.

Como era pertinho do nosso hotel, acabei passando todos os dias aí, às vezes parando pra tomar um café, ler um livro e fugir da chuva. Recomendo demais.

Praias e natureza

Bom, chegou a hora de falar delas, as grandes protagonistas da cidade. Split tem uma série de praias bem pertinho do centro, mas também é possível ir pra várias das ilhas de barco partindo da cidade. Inclusive, essa possibilidade é um dos grandes motivos dos turistas irem pra Split como ponto de partida, se deslocando pra outras ilhas durante a viagem.

Infelizmente, como já mencionei ao longo do texto, as condições climáticas não me possibilitaram explorar muito essa parte, então, se quiser conhecer outras ilhas, cê vai ter que dar uma pesquisada extra.

Riva

Um calçadão à beira mar, com uma série de restaurantes e bares, coqueiros, banquinhos pra sentar e uma bela vista. É isso que a Riva de Split vai te entregar. É lindo mesmo de ver, parece cenário de filme europeu de verão. Aqui fica bem lotado o dia inteiro e também super vale dar uma caminhadinha à noite, com a brisa batendo.

Minha única crítica é que em abril tava um retrocheiro de esgoto em algumas partes, o que estraga bastante a experiência. Não sei se foi a chuva em excesso, mas acho que vale destacar.

Colina Marjan

Colina que se ergue à esquerda do centro de Split, de onde se tem as melhores vistas da cidade. Seja em dia de chuva ou de sol, é lindo demais ver a cidade de cima, todas as montanhas, a água, as casinhas ao fundo… Indico demais mesmo, foi um dos meus passeios preferidos. Dá pra sentar e ficar admirando por um tempo ou beber uma coisinha no bar (que só aceita dinheiro, vale destacar).

O mais legal é que o caminho até Marjan também é de uma beleza absoluta. Existem algumas trilhas, serpenteando a colina, além de escadarias pra facilitar o trajeto. As casas de pedra ao redor são tão lindas quanto o destino final. Estou me repetindo, mas nesse ponto da viagem aí eu fiquei ainda mais com a sensação de que não parecia algo real. Era tudo muito bonito, idílico, com uma tranquilidade absurda.

Bačvice

Bačvice é a praia mais próxima do centro da cidade, cerca de vinte minutinhos de caminhada e você já está com o pé na areia, que não é muita, ou no concreto, que contorna o mar azul clarinho límpido que mais parece saído de um sonho ou de uma aquarela bem levinha feita numa tarde de sábado.

A praia em si não é lá grande coisa, a areia é escura e um pouco suja, mas a água compensa tudo. Em abril, a temperatura da água tava em 16ºC, mas dizem que no verão chega nos vinte e pouquinhos. A praticidade de chegar fácil é outro ponto de destaque. Passei meu único dia de sol aí, estirada com um livro, e foi bom demais.

Ovčice

Bem do ladinho de Bačvice – dá pra ir andando seguindo o calçadão de concreto da própria beira da praia -, Ovčice é outra praia pequetuxa, mas muito bonita. Ao invés de areia, aqui temos pedrinhas de várias cores neutras e algumas árvores. Imagino que não seja muito confortável de sentar kkk, mas as pessoas estendem suas toalhas no concreto mesmo.

Museus

Pra uma cidade tão pequenininha, me surpreendi que Split tivesse uma série de museus. Alguns meio esquisitos, como uma FroggyLand, literalmente, uma terra de sapos de mentira fazendo coisas de humanos kkk. Tem museu de Game of Thrones, já que algumas cenas foram gravadas na cidade croata, ainda que os reviews digam que é bem qualquer coisa.

Sempre que eu viajo, amo conhecer um cadinho da história da cidade, ver seus artistas, roupas… E são essas as minhas dicas.

Museu Etnográfico Split

Seguindo essa vontade de saber mais sobre a cidade, o Museu Etnográfico de Split foi meu primeiro destino. Já vou adiantar que não é lá algo muito elaborado e que achei que várias coisas deixaram a desejar. Mesmo assim, indico a visita, que custa € 3,00. A região ao redor do museu, com as ruínas que enchem os olhos, são outro destaque.

Já adianto que as primeiras salas são as piores. Chega a ser meio cômico, à la museu de Stars Hollow, de Gilmore Girls. Do nada a gente encontra umas ovelhas de pelúcia nos cantos, sem nenhuma explicação sobre porque elas estão ali e qual o papel delas na história da cidade. Também temos um vídeo sobre as pedras da região, mas, de novo, nada de explicar algo sobre a estrutura das construções, do uso das pedras, nada. Então assim, meu conselho é seguir adiante que melhora. Ou usar o poder da imaginação para preencher as lacunas.

Pra quem gosta de moda, o que é o meu caso, o Museu Etnográfico de Split tem MUITAS peças de roupa usadas nos séculos XIX e XX por pessoas de diferentes regiões da Croácia. É muito legal de ver e a maioria são trajes de verdade, super elaborados, com bordados, aplicações, joias… Passei um tempão aí.

Ainda que haja um texto geral explicando as diferenças entre as roupas femininas e masculinas e também as mudanças do vestir de acordo com a faixa etária e etapa de vida, acho que faltou informação sobre como as regiões influenciavam os trajes, já que eles tinham detalhes bem diferentes uns dos outros. Já que eles estão investidos em mostrar as peças, um pouco mais de contexto seria bem importante.

Agora uma surpresinha, ao sair do museu, a recepcionista me disse que esse ingresso dava direito a visitar o Vestíbulo, entrada dos antigos salões imperiais. Escadinhas de pedra altas circulares e eu tava no topo desse prédio circular que a gente passa a caminho do museu.

Museu de Belas Artes

Com obras do século XIV até os dias atuais, o Museu de Belas Artes de Split oferece uma visão geral da cena artística croata. De pinturas à esculturas e instalações, a visita é super interessante e traz o contexto histórico-cultural de cada período, localizando os artistas e suas obras dentros dos principais movimentos da história da arte.

Os ingressos pra ver a coleção dos séculos XIV a XXI foi € 5. Já para visitar a exposição temporária, é preciso comprar outro ingresso, também custando 5 € – valores de abril de 2023.

Galeria Ivan Meštrović

Essa eu não visitei, mas dizem que é bem legal e é bem bonita por fora, então deixo como dica extra. Dedicada a celebrar a obra do escultor Ivan Meštrović, a galeria apresenta suas obras mais significativas do artista.

Onde comer

Como não como peixe e frutos do mar de nenhuma maneira e praticamente não como mais carne, não tenho muitas dicas de pratos típicos. Agora, se você estiver atrás de restaurantes vegetarianos em Split… Aí eu tenho várias recomendações.

Vale destacar que a comida e bebida em Split é bem caro. Em baixa temporada, os preços tão meio que os mesmos que Barcelona, que é uma cidade grande e mega turística. As bebidas então foi um susto, € 5 uma taça de vinho minúscula ou € 10 uma mísera taça de Aperol Spritz.

Fig

Um café e restaurante belíssimo dentro da área do Palácio, o Fig apareceu pra gente como opção de brunch. E ainda bem que fomos mesmo buscando aquela comida mais pesadinha, porque os pratos são grandes e o molho é bem picante. Não consigo me imaginar comendo lá dez da manhã, mas duas da tarde funcionou bem.

Esse prato era um pão com molho de legumes e batatas. Achei o molho bem parecido com o das batatas bravas, então é fortinho, mas tava bem gostoso.

Portas Pizzeria

Não sei exatamente o motivo – a proximidade com a Itália talvez? -, mas Split tem muitas pizzarias. Mas pensa em MUITAS. Então escolhi a Portas graças ao terraço lindo que seria a vista do almoço. Pois além disso, as pizzas eram bem gostosas e enormes. Mesmo chegando lá com bastante fome, tive que embalar algumas fatias porque não dei conta. Eu comi a pizza de pepperoni, mas meu namorado pediu a de cogumelos e disse que tava uma delicinha.

Bokamorra

Outra pizza que definitivamente merece sua atenção é a da Bokamorra. Além de o lugar ser super cool, com uma decoração gostosinha e playlist animada – ainda que um pouco alta demais -, as pizzas são uma delícia! A gente pediu a de brie com cebola caramelizada e a de trufa com cogumelos e eu não sei te dizer qual tava melhor. Indico muito tanto pra um date como pra se divertir com amigas.

UpCafé

Entre pizzas e pizzas, bate uma saudade de comida de verdade, né? Então bora de dica de um prato feito gostosinho pra almoçar e com um precinho super em conta. O UpCafé conta com vários menus disponíveis pra almoço, a maioria deles, senão todos, veganos.

O legal é que eles têm os pratos montados no balcão de vidro pra você ter uma ideia do que vem, como se parece. Acabei pedindo o falafel com molho de iogurte, vegetais com curry, saladinha e esse purê de batata com arroz e foi uma delícia. Eles também possuem sobremesas e alguns salgados pro meio da tarde, mas esses não tenho como opinar.

Pandora Greenbox

Restaurante vegetariano um cadinho mais fancy, o Pandora Greenbox conta com pratos saborosos, uma apresentação bem bonita e preços um cadinho altos, mas pra um jantarzinho especial, acho que vale bem a pena.

Como não estava com muita fome, pedi duas entradas. A primeira, pra dividir, era essa polentinha que você vê na foto acima, que era uma polenta frita com molhos gourmet (e porção gourmet também, né, míseros três pedacinhos). Pode chamar de saudade de casa e sentar numa mesa com um pratão de polenta pra petiscar, mas foi bom demais!

O segundo prato-entrada era essa sopinha de abóbora com queijo vegano empanado. Eu não tava esperando nada e ela entregou simplesmente TU-DO! O creme gostosinho pro frio que tava fazendo, enquanto o queijo era apenas icônico. Por mim, esse stick de queijo virava uma porção à parte pra petiscar também, de tão saboroso.

Acabou que num outro dia de desespero da fome avassaladora que surge do nada, almocei lá também e comi esse burguer de beterraba, com tomatinho cereja na chapa que tava muito bom. Senti falta de uma batatinha, não vou negar.

Kats Kitchen Deli

Mais um café vegetariano com opções pra café da manhã e almoço, o Kats Kitchen Deli tem algumas opções bem gostosinhas e saudáveis. Pedi o burguer de jaca desfiada, sempre um ícone, e tava bem saboroso. O mesmo vale pra saladinha de acompanhamento que brilhou graças ao picles de cebola, às lasquinhas de coco e às sementes crocantes.

Como boa fofoqueira, vi o mingau com frutas que as meninas da mesa ao lado pediram e parecia muito gostoso, então vale explorar.

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