Aveiro é uma daquelas cidades encantadoras, que te recebem de braços abertos, fazem brilhar o olhinho em cada parada e acarinham com pessoas acolhedoras que vão passando pelo caminho. Se fosse preciso exemplificar, a cidadezinha seria aquela amiga que recebe na tarde ensolarada com cheiro de bolo recém assado enchendo a casa, sabe? É tudo tão milimetricamente fofo, que parece até uma cidade cinematográfica e talvez seja esse o mix que faz de Aveiro uma cidade muito visitada por quem vem a Portugal – inclusive, todos os meus amigos que já viajaram para lá responderam meus stories dizendo que eu ia amar! Acertaram. E hoje eu venho te contar dicas do que fazer em Aveiro. Mas pode ter certeza que, seja qual for o seu roteiro, cê vai se apaixonar ao menos um cadinho por lá!
Aveiro é conhecida como a Veneza Portuguesa, por isso, conhecer a cidade sem dar de cara com seus canais e barquinhos coloridos é impossível. Aveiro é contornada e atravessada por 5 canais, que formam a Ria de Aveiro. São eles: o Canal Central, o Canal do Côjo, o Canal das Pirâmides e os canais de São Roque e dos Santos Mártires.
É super possível conhecer os canais caminhando pelas calçadas, mas o passeio de barco é uma ótima solução para ver todos e depois se demorar nos que gostar mais. Cercados por casinhas antigas, cores e pelo céu azul, os canais de águas tranquilas e salgadas são o ponto central do turismo na cidade. E vale curtir esse destino de todas as formas, seja tomando um cafézinho nos restaurantes ao redor ou aproveitando o pôr do sol vendo os barquinhos passarem.
Está procurando um destino que enche os olhos para se deliciar e descansar? Aveiro entrega!
Bom, se você não é lá uma grande fã de fazer coisas muito turísticas, eu sei que esse tópico é controverso. Mas o passeio de moliceiro – que é como chamam esses barcos, que eram utilizados para apanhar moliço, uma alga aquática – são sim um to-do pra colocar na sua lista de viagem. Eles não só poupam o tempo de conhecer todos os canais, já que duram em torno de 45 minutos, mas são uma forma de conhecer a cidade a partir da perspectiva de um local.
Ainda assim, acredito que a experiência pode variar um pouco de barco para barco. Enquanto o guia que pegamos estava o tempo todo fazendo piadas e brincando com os turistas, outros pareciam mais sérios e discretos. De qualquer maneira, é bonito demais ver a cidade a partir do seu centro. É toda uma nova paisagem que, se você optar apenas pelas calçadas, não vai ter.
Em maio de 2022, o passeio de moliceiro custa 13€ e você pode tanto comprar antecipado como na hora – existem totens com guias que, inclusive, aceitam cartão e MB Way, o pix português.
Aveiro é atravessada por águas e canais, por isso, nada mais natural do que ter uma série de pontes, não é mesmo? Pois se tem ponte, tem turista apaixonado pronto pra fixar o seu romance na eternidade. Mas pode esquecer o cadeado, aqui, a ideia – que surgiu como uma forma de proteger as pontes do peso do metal – é pendurar fitinhas coloridas. O resultado é uma fofura, sobretudo quando bate aquele ventinho e combina perfeitamente com as cores da cidade.
A Ponte Laços de Amizade é a mais popular para gritar o seu amor aos 4 ventos, mas várias outras nesse mesmo canal também já ganharam sua roupagem colorida. Já as fitas você pode comprar em feirinhas de rua, bancas de jornal ou lojas de souvenir – e elas custam uns 0,50 €. Curiosidade: em Portugal, centavos chamam cêntimos.
Eu não vou nem tentar disfarçar o meu amor por esse tópico: foi o meu preferido da viagem inteira! Talvez essa seja a primeira foto que você tenha visto de Aveiro pela internet, mas deixa eu te dizer que é especial MESMO e merece muito a visita. Repleto de casinhas listradas em cores primárias, a Costa Nova é um lugar único, perfeito para uma tarde ensolarada.
Como boa amante de cores, fiquei deslumbrada e alegre só de ver esse lugar. Talvez você tenha percebido essa animação por eu estar com um vestido que é exatamente igual às casinhas? Tudo bem. E se você está se perguntando por que as casas de Costa Nova são coloridas e listradas, elas eram usadas como armazém/depósito pelos pescadores, que pintavam as casas em cores diferentes para que pudessem localizar qual era a sua em dias de nevoeiro. Há uma brincadeira local de que elas passaram a ser coloridas para que eles as identificassem depois das noites de bebedeira, mas aí eu não vou poder confirmar kkk
O que eu mais gostei é que a cidade é inteirinha em tons de azul, amarelo, vermelho e verde. Não é só um pedacinho colorido pra gente fazer foto e pronto. Além de suspirar pelas casas, você também pode aproveitar o dia na praia, que não é um lugar imperdível, mas se o calor e o seu tempo de viagem permitem, por que não?
Como chegar: desde o centro de Aveiro, você pode ir de ônibus (2,45 € e, em teoria, passa de hora em hora) ou com um barco turístico (15 € ida e volta, parando por cerca de uma hora para você conhecer o lugar). Se você pretende voltar de ônibus, evite sair muito tarde, porque os ônibus simplesmente param de passar, apesar de os horários mostrarem algo diferente. Foi o que aconteceu com a gente e penamos bastante pra conseguir um Uber 21h.
Aveiro é uma cidade fortemente influenciada pelo art noveau, a ponto de criar um circuito turístico com as fachadas de prédios desse período. Esse passeio é perfeito para quem ama arquitetura e arte, podendo ser feito tanto em dias ensolarados quanto nublados, já que você vai caminhar muito pela cidade. E caminhar por Aveiro desbravando cada rua talvez seja a minha maior dica – depois das casas coloridas, claro. Foi assim que descobrimos restaurantes, lojinhas legais e uma série de outros prédios fofos que não são art noveau mas reúnem o melhor do charme português em misturar azulejos e cores.
Dito isso, o circuito arte nova vai te levar para conhecer Aveiro a partir de suas construções mais emblemáticas, seja o próprio Museu de Arte Nova, o Mercado do Peixe ou as casinhas antigas que pertenceram a membros da elite que lá viveu. Você pode conseguir um mapa com todos os pontos – são 28 prédios ao todo – no Museu da Cidade ou conferir esse post aqui que eu criei com o roteiro completo.
E em todo o circuito, o Museu de Arte Nova de Aveiro é, sem dúvidas, a construção mais impactante, com um milhão de detalhes que fazem a gente querer admirar por um bom tempo. Dentro do museu, você vai descobrir um pouco mais sobre a história do movimento e como se relaciona com Aveiro. A dica é, depois do tour, descansar no jardim, que atualmente é uma casa de chá com um cardápio bem variado de infusões e um bolo de chocolate com gostinho de caseiro.
Os centros das cidades são sempre um ponto imperdível e é aqui que vão estar uma série de restaurantes e tascas com cadeirinhas na calçada, praças, sorveterias e lojinhas com cerâmicas, artesanato e souvernis mil. É tudo bem pertinho, então o mais legal é realmente sair caminhando e se deixar surpreender pela mistura de aromas, cores, azulejos e pessoas.
Um parque que une a natureza à arquitetura de um jeito harmônico e muito bonito. Tinha lido que o Parque Infante D. Pedro era um destino meio qualquer coisa e saí com a sensação completamente contrária. Adorei conhecer e acho que vale sim a visita, nem que seja por uma horinha.
Provar os pratos ou doces típicos faz parte de conhecer um lugar e Aveiro é tudo sobre os ovos moles. Eu particularmente não achei uma iguaria, mas meus amigos curtiram e acho que vale provar para ver o que o seu paladar vai pensar disso. Em um resumão, seria um doce de gemas envolto em uma casquinha tipo de hóstia. Cê vai encontrar os ovos moles em qualquer café, mas nas minhas pesquisas descobri que a Oficina do Doce e a Confeitaria Peixinho são os lugares mais clássicos.
As tripas de Aveiro, apesar do nome pouco convidativo, também são um item para provar e se deliciar. Sim, desse eu gostei, sobretudo da versão com doce de leite e canela… Se eu tivesse que te explicar o sabor, diria que é tipo um crepe francês mas mais fibroso e um pouquinho mais grosso, com recheios que vão do clássico doce de ovos à Nutella ou Toblerone. As tripas são vendidas em pequenos quiosques por toda a cidade, eu indico os próximos dos canais, assim você saboreia com uma vista belíssima!
Pra quem gosta de levar uma lembrancinha de cada lugar por onde passa, Aveiro tem algumas opções de lojinhas com curadoria bem especial, que vai além daqueles presentinhos clichês. Ama cerâmicas? Então vale passar na Casa da Rosa, um lugar com várias opções coloridinhas que reúnem o melhor da estética da cidade e várias peças pintadas à mão. O risco é querer levar tudo!
Já para quem é fã de artes e ilustrações, a minha dica é conhecer o Aqui à volta, um lugar que reúne artes, vasos, bijuterias, postais e muito mais, criadas por artistas portugueses ou europeus. É lindo e tem opções muito especiais para presentear aquela pessoa especial – que pode ser você!
Eu não sou uma pessoa muito inclinada a indicar shoppings como dica de viagem, até porque tem tanta coisa muito mais legal que merece nossa atenção, né? Mas com as suas infinitas fitinhas coloridas, inspiradas pelas pontes, o Forum Aveiro me ganhou – e rendeu boas fotos. Então, se você estiver pelas redondezas, eu indico subir ao segundo andar. E se você subir mais um andar, vai dar em uma praça de alimentação aberta, com uma vista de cima de Aveiro. Eu não achei nada demais, mas vai que cê ache?
Como basicamente qualquer cidade, o centro histórico é a região mais legal para se hospedar. Nós ficamos no Veneza Apartments, um apartamento com dois quartos e vista para os canais. A decoração tinha carinha de vintage, os quartos e a sala tinham ar condicionado, água super quente no chuveiro e janelas que isolam bem o som da rua.
O apartamento fica em cima de uma cafeteria e o café da manhã era incluso. Mas a melhor parte foi mesmo a localização privilegiada. Como Aveiro não é uma cidade tão grande assim, quando a gente queria ir ao banheiro ou buscar algo, era facinho passar em casa. O atendimento de todas as garçonetes do café também foi excelente e eu ganhei até um cupcake com velinha no dia do meu aniversário.
Bom, é isso! Espero que as dicas tenham sido úteis e que você se apaixone por Aveiro tanto quanto eu e meus amigos – no fim, a gente tava até vendo quanto custava uma casinha por lá.