Num dia 11 como hoje, só que do mês passado, eu estava chegando cheia de expectativa – e de cansaço – em Lisboa, minha nova cidade por tempo indeterminado. Quase nem dá pra acreditar que já estou aqui há trinta dias, mas essa é a beleza e o assustador do tempo: ele passa de um jeitinho totalmente particular. Se eu precisasse definir esses dias com uma só palavra, sem dúvida seria intensos. Comecei um curso novo, procurei apartamento, me mudei, comecei a montar uma casa, bebi muito vinho de 1 euro, comi poucos pastéis de nata, turistei um cadinho e já me apaixonei muito pelas prévias de cidade que recebi entre uma burocracia e outra.
No meio de todas essas experiências, faltou escrever. Eu bem tento gravar tudo de legal que tenho visto e as nossas reações, mas não é a mesma coisa. Talvez eu é que não tenho o dom de capturar em imagem o quanto tem sido uma experiência prazerosa e surreal. É pra isso que nasce o post de hoje. Pra compartilhar um pouco dessa experiência com você e, também, ter um registro que a Marcie do futuro, muito mais safa da vida lisboeta, vai dar risada tamanha ingenuidade. Já aviso que estamos em clima de romance, assim, não espere uma análise 100% racional ou toda informativa de pontos pra visitar. Isso vai vir, mas no futuro. Por agora, pega o chazinho e vem conhecer Lisboa a passos leves comigo!
Viver em um país novo – que a gente nunca visitou – atordoa. E não tem outra palavra que explique melhor essa sensação. Não se sabe qual rua virar, qual mercado ir, qual vinho escolher no cardápio e, até mesmo, que horas são – porque o corpo ainda tá respondendo aos estímulos do fuso antigo. É muita coisa bonita pra ver, muita rua fofa pra andar, muito lugar legal pra conhecer. Se eu tivesse um caderninho para anotar todos os parques/praças/restaurantes/cafés/museus por onde passo e digo “a gente tem que vir aqui”, talvez já estivesse completamente sem páginas.
É um ritmo frenético, que pode facilmente não deixar a cabeça parar. Sabe aquele rodízio que tem churrasco, pizza, sushi e uma ilha de massas, tudo ao mesmo tempo? Meu cérebro tá o legítimo prato cheio, transbordando e misturando de tudo um pouco. Eu sei que a digestão vem, devagarzinho, como deve ser. No que me confere, tenho tentado fazer um prato por vez, aproveitando cada sabor no seu respectivo momento. E repetindo sem culpa. Nem sempre dá certo, mas seguimos tentando.
Quem me acompanha no Instagram sabe que eu tenho postado stories de fachada quase todos os dias. Mas fala sério, gente, não tem como resistir, Lisboa é muito o meu match arquitetônico. O aroma de outra época paira no ar, com os azulejos cheios de personalidade, os prédios antigos super bem conservados, que são maioria ao invés de exceção, as sacadas minúsculas sempre com plantinhas, as ruas estreitas que não passam carro, as escadarias que surgem do nada… É graças a esse combo que meu programa favorito até agora tem sido justamente andar e me perder pelas ruas, descobrindo ao menos uma fofura por dia. E tomando um cappuccino sempre que possível, porque ninguém é de ferro!
Se Lisboa está nos seus planos de viagem pro futuro, eu já sugiro ir subindo umas escadas para testar e separar os tênis mais confortáveis possíveis, porque aqui o que mais tem é ladeira. Pensa numa cidade íngreme, multiplica por 7. E sete não é um número aleatório, não: Lisboa também é chamada de “cidade das sete colinas”. O motivo? Dizem que Lisboa, assim como Roma, nasceu entre sete colinas, várias delas com miradouros que merecem a visita.
Outro ponto definitivo para me ganhar: muuuuitas praças, parques e pitadas de natureza no meio da cidade. Só pra você ter uma ideia, há no máximo dez minutos de distância do nosso apartamento são 4 praças/parques. A orla que contorna o Tejo é outro destino imperdível, uma delícia pra ver o pôr do sol no domingo ou fazer exercício de manhã. Ainda não deu tempo, mas eu passo por todas elas pensando em mim sentada lá com um bom livro, um chá quentinho e cardigan que abrace. Eu sei que no Brasil já dá uma suadinha só de pensar nessas referências, mas aqui estou me preparando para emendar o outono/inverno em outro outono/inverno.
Além do famoso pastel de nata e do bacalhau – que eu não como – não sabia o que esperar de Lisboa em termos gastronômicos. Dependendo da região, principalmente nas turísticas, tudo acaba girando muito em torno dos peixes, carnes e embutidos. É claro que eventualmente existe a batata frita amiga, uma massa com molho vermelho ou tábua de queijo pra salvar, mas nem sempre a gente quer comer a mesma coisa, né?
Agora, justiça seja feita, nos restaurantes que realmente oferecem opções vegetarianas pensadas… A gente tem sido muito feliz! Depois eu posso escrever um post só com dicas de restaurantes/bares vegetarianos ou veganos que ganharam estrelinhas com a gente. Se interessa? Me conta nos comentários <3
Uma coisa que sempre nos disseram era que aqui se bebia bons vinhos. E vou te falar que era verdade. Pode escolher de olho fechado o vinho no mercado, pegar aquela moeda no bolso e vai ser sucesso. Nos restaurantes a mesma coisa: vai tranquila no vinho mais barato que você vai estar bem. Vale avisar que aqui eles não dividem os vinhos pelo tipo de uva, como a gente está acostumado no Brasil, Uruguai e Argentina, mas sim pela região na qual são produzidos. As diferenças entre as regiões? Eu ainda não sei, mas se a senhorita se interessar eu vou atrás rs.
Sabe aquele transporte que não só chega na hora, como uns segundinhos adiantado? Pois é, eu geralmente não sabia. Além de te levar aos mais diversos pontos da cidade, aqui o transporte público é pontual e super fácil de fazer conexão. Ao todo, são quatro possibilidades: o metrô, aqui se fala métro, o ônibus, autocarro em pt, o bondinho, chamado elétrico, e o trem, comboio – que também leva para outras cidades da “região metropolitana” de Lisboa. Já usamos todos – inclusive, de trem dá pra ir pra praias maravilhosas em uma hora de deslocamento, vem verão <3
E já que este é um blog de moda, não podia faltar um pouquinho do que eu vi no street style de Lisboa, né? Saliento que com o quesito pandemia, tem muitos turistas na rua e poucos locais – sério, a quantidade de francês em cada esquina me faz pensar que a França essa hora está vazia kkkk. No geral, as pessoas se vestem bem básicas e o queridinho do outono é o mix de jeans, camiseta e trench coat – ou casaco longo de lã. A calça jeans pantacourt, com a barra desfiada também aparece todos os dias, seja combinada com camiseta, blusão ou num conjuntinho cheio de bossa com jaqueta jeans cropped na mesma cor.
Nos pés, tênis, afinal, as ruas lisboetas não são lá muito receptivas a salto. Outro ponto importante pras marmiteiras como eu: ecobag é uma coisa muuuito usada pelos mais jovens, combinada com uma bolsinha pequena que carrega o essencial.
A medida que a viagem ia chegando, eu comecei a ver uns vídeos de youtubers portugueses pra me habituar. E bateu um desespero, confesso, porque é uma língua muito dura, truncada, com sonoridades e vocabulários completamente distintos. Eis que ao chegar não é tão difícil assim. Tem muita palavra engraçada ou conjugações que a gente nunca faria na vida, mas todo mundo consegue se entender numa boa. A velocidade é outro fator que atrapalha, mas tira uns segundinhos que o cérebro processa. As minhas aulas são todas em português de portugal, a maioria das colegas são portuguesas e, até agora ao menos, tá tudo sob controle.
Bom, por hoje é isso! Espero que você tenha curtido esse passeio. Mês que vem eu volto com a temporada 2 da Marcie in Lisboa – que também é uma hashtag no Instagram pra você seguir kkk.