Finalmente chegou o nosso momento de falar sobre Daisy Jones & The Six: a série! Inspirada no livro de mesmo nome – tem resenha dele aqui -, a série adaptada pelo Prime Video era aguardada pelos fãs há muito tempo, já que as gravações foram pausadas bem no comecinho graças ao Covid.
E se você leu o livro faz tempo ou assistiu apenas a série, preciso te contar que várias coisas mudaram na adaptação. De um músico a menos na banda até momentos marcantes que nunca aconteceram, tem muita coisa pra gente fofocar. Já aviso de antemão: esse post contém muitos spoilers.
Apesar de achar que alguns dos pontos que mudaram eram importantíssimos pra narrativa e pro universo construído nas páginas, estou gostando da série. A vibe e as mini tretas estão presentes, a química entre os protagonistas também, além de ser realmente muito legal vê-los no estúdio gravando ou em shows.
Em resumo, a série é boa. Agora, se tivessem mantido algumas passagens, personalidades e músicas, que conto no decorrer do post… Aí seria incrível!
Uma das coisas para as quais eu estava mais ansiosa era ouvir as músicas que só imaginei ganhando vida. E o livro traz, nas páginas finais, todas as composições, ordenadas de acordo com como apareceriam no disco. A própria autora já tinha mencionado que as tinha escrito em formato de poema e que as letras sofreriam algumas alterações para se tornarem músicas.
Já no primeiro single, a aguardada e aclamada Regret Me, não há nada, nem uma única frase, da versão original. Então, o momento ICÔNICO em que Daisy cantaria “and baby when you think of me, I hope it ruins rock’n’roll, regret me regretfully” não está lá. E não é só porque eu sou fã, mas essa me parece uma das melhores frases de música, que resume muito da história dos protagonistas.
Então, se você também não engoliu a versão de Regret me da série, fica a dica de ouvir essa aqui, feita por uma fã brasileira e disponível no Youtube. Me parece muito melhor do que a original e uma prova concreta de que essa letra poderia sim ter sido lançada como era.
Outras canções esperadas como Impossible Woman e This Could Get Uggly ficaram de fora do álbum, enquanto Aurora também teve a letra inteirinha alterada. Num resumo, as letras que a gente esperou um tempão pra ver não estão lá, ainda que, em termos sonoros, o disco me parece o que era no livro.
Eu entendo que algumas coisas precisem mudar pra adaptar um livro para o formato de audiovisual, mas acho que mudar completamente as músicas de uma banda que nos conquistou justamente por essas indiretas e tensão presentes em cada canção é uma licença poética um tanto quanto enorme.
E pra não não dizer que eu reclamei de tudo, tem duas músicas inéditas de Daisy Jones & The Six que eu gostei MUITO: The River, minha preferida, e Let Me Down Easy. E, se você leu e ouviu o disco Aurora na íntegra, me conta o que achou desse ponto?
Quando o anúncio de que um vinil de verdade iria ser lançado, fiquei animada. Até porque a capa de Aurora em Daisy Jones & The Six (o livro) é um momento icônico. Enquanto toda a banda está de jeans e camiseta, roupas básicas de todos os dias, Daisy aparece com um short desfiado, uma regata branca levinha e sem sutiã, argolas enormes e os braços cheios de pulseiras.
A tensão entre Billy e Daisy era perceptível e paupável. Então o fotógrafo captura um segundo em que a banda está inteira junta, olhando para a câmera, mas Daisy e Billy se encaram. Essa se torna a capa de trás do disco. Já a capa da frente é composta por um close dos dois protagonistas lado a lado, com o céu azul entre os dois, aparecendo apenas a camisa jeans de billy, a regata transparente de Daisy e um frasco de pó em seu bolso. A tensão entre os dois é tão evidente que mesmo sem mostrar o rosto, a gente sente que está lá.
No livro, a foto oficial não é feita por Camila, ainda que eu ache uma mudança que agregou na narrativa da personagem e em como ela está vendo a situação dos protagonistas.
Enquanto a série consegue fazer a gente acompanhar o vício e vida nada saudável que Billy leva, Daisy parece ter sofrido uma boa faxina, pelo menos nesses seis primeiros episódios que temos disponível no Prime Vídeo – que já contam MUITO da história. No livro, desde adolescente, Daisy está sempre drogada, sem dormir à noite, misturando remédios, cocaína, bebidas e embaralhando dias. Nas palavras da própria Daisy “a partir daí eu passava o dia a base de dexedrina e a noite à base de seconal. Com champanhe, para ajudar tudo a descer fácil”.
Já nas telas, Daisy está representada como uma mulher mais suave, funcional, com um trabalho e compondo canções enrolada em um cobertor com uma garrafa de vinho. Mesmo dos episódios 3 ao 6, que tratam da composição do Aurora e de momentos icônicos como ela jogada na piscina com um vestido incrível e pisando em cacos de vidro sem nem sentir, Daisy parece uma versão soft do que era no livro.
E não é só sobre limpar os vícios e a personagem – o que já seria bem questionável, né? -, mas em termos de personalidade, acho que Daisy também não está tão parecida assim: Sua atitude, liberdade e autenticidade parecem ter diminuído de volume. Sinto falta de ver essa mulher que dizia e fazia o que queria, que se perde, não é perfeita, mas nem finge querer ser.
Quando as primeiras divulgações de fotos da banda começaram a aparecer, uma polêmica se instaurou. Daisy Jones & The Six era na verdade Daisy Jones & The Five, já que um membro parecia ter desaparecido. Estamos falando de Pete, que é de fato um personagem secundário, com poucas “falas” nas entrevistas.
E se até aqui eu estava reclamando de algumas mudanças, é hora de parabenizar. Pete sai de cena para que a série possa reconhecer todo o trabalho invisível de Camila, esposa de Billy. Ela é o sexto elemento da banda, já que sempre esteve ali ajudando todos, além de ter ficado em casa cuidando das filhas enquanto seu marido estava em turnês.
E não foi por falta de a gente torcer para acontecer, mas Daisy e Billy nunca se beijam no livro. A química e paixão dos dois é completamente platônica, a gente sente o quanto eles querem, quaaase acontece entre as composições do disco, mas não acontece.
Não vou mentir: gostei de ver kkk, mas, ao mesmo tempo, achei o momento meio aleatório.
Agora vamos às mudanças entre o livro e a série que não impactam tanto assim a narrativa de Daisy Jones & The Six?
No primeiro episódio de Daisy Jones & The Six, vemos que Graham quer criar uma banda com os colegas de escola e pede a ajuda de seu irmão mais velho para treinar o grupo, esperando que assim Billy entre também no grupo.
Na versão original, os irmãos já compunham e tocavam juntos e sonhavam com ter uma banda famosa. Eles então chamam o baterista Warren, o baixista Pete e o guitarrista Chuck – que vai sair da banda por ser chamado para servir ao exército estadunidense na guerra do Vietnã.
Na série, Billy e Camila se conhecem em uma lavanderia. Eles trocam olhares, Camila pede um cesto emprestado e Billy acha que ela o reconheceu por ele fazer vários shows nas cidades ao redor. Já no livro, o primeiro encontro dos dois acontece após o fatídico casamento em que os Dunne Brothers tocam e encontram o pai, depois de muitos anos. Camila era uma garçonete no bar do hotel em que o casamento aconteceu e Billy é quem vai falar com ela.
Ainda no tema primeiro encontro, a frase “me passa o seu telefone que eu componho uma música sobre você” realmente aparece no livro.
Lembra da cena em que Simone chega em casa assustadíssima porque parece que alguém invadiu sua casa, mas, na verdade, se trata apenas de Daisy cozinhando o jantar numa tentativa de se tornar roomie da melhor amiga? Não acontece assim no livro.
Simone sentia-se quase como uma irmã mais velha de Daisy, que tinha apenas 15 anos enquanto Simone já tinha 19. No livro, ela diz “Vivia me perguntando: será que ninguém além de mim se preocupa com essa menina?”. Quando um produtor arruma um lugar para ela morar, Simone chama Daisy para morar com ela e as duas dividem a cama por uns seis meses.
Apesar de ter sim pausado a turnê da banda com sua ida para a reabilitação, no livro Billy nunca quis sair do grupo e, “assim que se sentiu pronto para voltar aos estúdios, todo mundo tinha que estar a postos”.
Enquanto no livro as entrevistas ocorrem em um período contemporâneo à publicação, que acontece em 2019, na série passaram-se apenas 20 anos após o rompimento do grupo.
Na série, os Six ainda são uma banda pequena e encontram o famoso produtor Teddy Price em um supermercado, com Billy tentando convencê-lo a ver o grupo. Já no livro, Teddy aparece em um show do grupo, que já toca em lugares um pouco maiores, e então pede para vê-los ensaiar num estúdio. Os six saem desse ensaio e conseguem o contrato para gravar seu primeiro disco.
Depois de ver toda a química que está acontecendo entre Billy e Daisy, a série dá a entender que Camila e Eddie ficaram em um bar. No livro, isso nunca acontece, ainda que eu ache que torna a personagem de Camila mais real. No livro ela é quase essa mulher que não se abala por nada, que só quer que sua concepção de família perfeita aconteça.
No livro, Eddie também não é secretamente apaixonado por Camila, como a série indica aos poucos.
Ufa, é isso, espero que cê tenha gostado do post, deu um trabalhão reunir todos esses pontos, mas AMEI escrever! E se, no pique da série, estiver a fim de ler outros livros da mesma autora, aqui tem um ranking com os melhores livros de Taylor Jenkins Reid.