Buenos Aires: o que fazer em San Telmo

Quem me acompanha lá no instagram @marciegott (ou é meu amigo fora das redes) já sabe que em outubro eu e meu respectivo namoradinho ficamos quinze deliciosos dias em Buenos Aires. O fato é que me apaixonei tanto pela capital argentina que, honestamente, nem queria voltar mais para casa. É muita coisa para fazer, museu para visitar, parques para conhecer, cerveja boa para beber… Um novo amor a cada esquina! Mas pensa em amor forte, daqueles que fazem a gente querer gritar pro mundo ‘OLHA QUE PERFEITO’. Finalmente chegou o dia de começar a gritaria, que vai ser feita de forma organizada, em uma série de posts com dicas do que fazer em Buenos Aires por bairro. Desbravar um cantinho por vez facilitou bastante a nossa viagem, tanto em termos de organização quanto de tempo de deslocamento. Uma vez decidido o lugar e os passeios que queríamos fazer, estávamos livres pra nos divertir sem aquela sensação de ‘ai, meu Deus, será que tô perdendo algo’ ou precisar correr pro outro lado da cidade porque uma atração fechava tal horário. Começaremos a saga com San Telmo, um lugar cheio de histórias, bons restaurantes, museus e antiquiários.

Caminhar pelas ruas

Por ser o bairro no qual nos hospedamos, talvez eu seja um pouquinho suspeita para falar de San Telmo. Talvez não, já que graças a essa proximidade consegui conhecer todas as suas belezas de forma mais íntima. E isso é a primeira coisa que você precisa saber: San Telmo é lindo demais! Bairro mais antigo da capital, conta com prédios imponentes que mantém o visual de séculos atrás, cafés, bares e restaurantes famosos da história argentina, charmosas ruas de paralelepípedos, praças e antiquários em todos os cantos. E por mais que circule muuuuita gente pela região e nem todos os prédios tenham a restauração ideal, a elegância ‘de outros tempos’, misturada com essa cidade que ora pulsa, ora descansa, foi o que mais conquistou nosso coraçãozinho. Tanto que, independente do roteiro final, sempre começávamos o dia dando uma voltinha pelo bairro.

Bora tomar um cházinho? 🫖

Feira de San Telmo

Uma das primeiras dicas que recebemos sobre o bairro foi: visitem a Feira de San Telmo. Prontamente, no primeiro domingo de sol, lá estávamos nós, dedicados em desbravar cada banca. E pensa em desbravar, já que a feira conta com os mais diversos tipos de produtos, de antiguidades a comidas veganas, de artesanatos a joias, de plantas a livros, de cuias para mate a colares feitos em prata. A feira, que inicialmente acontecia apenas na Plaza Dorrego para a comercialização de antiguidades, foi crescendo cada vez mais e hoje ocupa grande parte da Defensa – são mais de 7 quarteirões, é incrível!

A dica é ir com tempo de sobra e paciência extra, pois as ruas ficam lotadas. Embora algumas bancas sejam menos receptivas, proibindo fotografias ou o toque nos produtos, outras são tão queridas que ensinam até mesmo como o artesanato foi feito, batendo um papo despreocupado. Ah! Vale um cuidadinho especial com seus pertences no meio da muvuca. Para quem está pensando se as compras valem a pena, a resposta é sim. Conseguimos encontrar lembrancinhas para os amigos, decorações para a nossa casa e uma marca de joias superespecial, com peças bem contemporâneas. O difícil é ser consciente e não se deixar seduzir por algumas quinquilharias, afinal, é tudo tão bonitinho. Nada que a pergunta ‘Eu preciso mesmo disso? Para que vou usar?’ não resolva.

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Feira de San Telmo | Endereço: Calle Defensa | Horário: Domingos, das 10h às 17h

Mercado de San Telmo

Foto: https://buenosairesconnect.com

Monumento histórico nacional, o Mercado de San Telmo reúne produtos antigos de todos os tipos, bancas de verduras e temperos, padarias, açougues, restaurantes – as empanadas feitas na hora são uma tentação! – e lojinhas dos mais diversos segmentos, de sabonetes especiais a ilustrações naturalistas. Além de todas as opções, o espaço, criado em 1897, é um charme só e apenas por sua beleza já mereceria a visita. Seja em uma tarde chuvosa como a que nós fomos ou para um lanche despreocupado no meio da tarde, reserve duas horinhas para conhecer o local. Você não vai se arrepender!

Mercado de San Telmo | Endereço: Bolívar 970 | Horário de funcionamento: todos os dias da semana, das 8h às 22h.

Museo de Arte Moderno

O Museu de Arte Moderna de Buenos Aires, ou MAMBA, para os íntimos, foi um de nossos primeiros passeios por San Telmo, não só porque eu queria muuuito ver a exposição que estava rolando, mas, também, porque na terça-feira a entrada é franca #economia. Imponente e lindo de viver, o local foi inaugurado em 1956 e chama a atenção de quem está passeando pelas calles. Por dentro, parece ainda maior, com quatro andares que vão tomar um bom tempo para serem desvendados com calma. De acordo com o site do local, o acervo conta com mais de 7 mil obras que abrangem o período de 1920 aos tempos atuais de artistas argentinos e internacionais.

A nossa visita foi simplesmente incrível, o lugar enche os olhos – e o coração. A exposição da época, chamada ‘Historia de dos mundos’, traçava um panorama das artes latinas e europeias durante os anos 1944 e 1989. Arte de destruição, de resistência em períodos ditatoriais, nos quais obras e pessoas eram descartadas como bitucas de cigarro. Foi um soco no coraçãozinho da brasileira em período de eleições. Seria um soco em qualquer coração que funcione. Saímos com a alma lavada. Aliás, a presença do período ditatorial e suas consequências é algo recorrente em todos os museus, sejam eles mais turísticos ou alternativos, assim, separe um tempo – e leve um lencinho – para conferir.

Museo de Arte Moderno | Endereço: Avenida San Juan, 350 | Horários: de terça a sexta-feira, das 11h às 19h, sábados, domingos e feriados, das 11h às 20h | Entradas: ARS 30, nas terças a entrada é franca.

Museo de Arte Contemporáneo

Seguindo no roteiro artístico, o Museu de Arte Contemporânea de Buenos Aires está localizado ao lado do MAMBA, ou seja, não tem desculpa para não visitar. Inaugurado em 2012, o espaço expõe a coleção de Aldo Rubino, com obras locais e internacionais criadas a partir da década de 80. Como era de se esperar – a gente acaba ficando mal acostumado com a arquitetura argentina-, o edifício é todo moderninho e imenso, com sete andares e três subsolos.

Museo de Arte Contemporáneo | Endereço: Av. San Juan, 328 | Horário de funcionamento: de segunda a sexta-feira, das 11h às 19h, sábados e domingos, das 11h às 19h30 | Entrada: ARS 100. Nas quartas-feiras, a entrada é ARS 50.

Paseo de la Historieta – Mafalda

Tem como pensar em Argentina sem pensar na adorável, sincera e ácida Mafalda? Pois eu respondo: não mesmo! A mocinha está presente em imãs de geladeira, camisetas, grafites, canecas, e, também, em uma estátua localizada no encontro das ruas Chile e Defensa. A estátua de Mafalda é, na verdade, o início do Paseo de la Historieta, um circuito para homenagear as principais tirinhas argentinas que passa pelos bairros de San Telmo, Montserrat e Puerto Madero. Durante o caminho, você encontrará estátuas de vários outros personagens icônicos, grafites nos muros e, no final, o Museu do Humor. Graças a chuva, nós não fizemos o percurso inteiro, mas parece ser algo bem divertido e, ao caminhar entre uma estátua e outra, você acaba conhecendo um pouquinho mais de cada bairro.

Comer, comer, comer

Se tem uma coisa que fizemos em Buenos Aires, além de caminhar pra caramba, foi comer. E San Telmo é o lugar perfeito para quem quer comer bem sem gastar muito dinheiro. As opções de restaurante são muitas; para você ter uma ideia, na rua em que ficamos hospedados, chamada Defensa, almoçamos cada dia em um lugar diferente e os pratos eram lindos, como é possível perceber pelas fotos acima. Fun fact: todos os pratos das fotos – e quase todos que pedimos na viagem – eram a sugestão do dia dos restaurantes, com um precinho bem em conta. O ‘combo do dia’ contava com o almoço, uma bebida, que, em alguns lugares, podia ser uma taça de vinho, e sobremesa. Tudo isso por cerca de R$25, R$30.  Na ordem da imagem, da esquerda para a direita, temos parmegiana de berinjela com salada de rúcula, tomate e parmesão, filé com batatas, frango grelhado com molho de cogumelos e batata frita e frango com legumes e arroz integral. Não vou negar que fiquei com fome só de lembrar.

The Pizza

Ainda no ramo alimentar, um lugarzinho todo fofo chamou nossa atenção, principalmente pela meia luz e letreiros em neon. Eis que, além de ser lindo e caloroso, o local também era uma pizzaria com massas especiais e sabores que iam muito além do mussarela e calabresa tão recorrentes na capital argentina. Sim. No geral, as pizzas de lá são bem diferentes das brasileiras, com uma massa alta e restritas opções de coberturas. Não no The Pizza. Da farinha orgânica à fermentação natural durante dias, cada mínimo detalhe é cuidado com muito carinho. As próprias entradas, pães com antepasto, já eram maravilhosas. No primeiro dia, comemos uma pastinha de berinjela apimentada, no segundo, uma de ricota, alecrim e flores comestíveis. Amor puro <3 Já nas pizzas, as nossas escolhas foram uma de cogumelos com mussarela de búfala simplesmente perfeita e uma de pepperoni apimentado na medida da felicidade. O atendimento é ótimo e a Patagônia gelada tem um precinho ótimo. Vai ter um date, encontrar amigos ou desfrutar da própria companhia? A The Pizza é o lugar perfeito.

The Pizza | Endereço: Av. Caseros 424, 1152| Horário de funcionamento: domingos, segundas, terças e quintas-feiras, das 17h às 00h, sextas e sábados, das 17h às 01h.

Pasaje de la Defensa

Que saudade do inverninho

Essa dica é mais para o turista que quer fazer uma foto bonitinha, exatamente como essa, já que a Pasaje de la Defensa é uma galeria comercial meio mortinha, com apenas alguns brechós e lojas de artesãs e uma arquitetura um tantinho decadente, que seria muito mais linda se bem cuidada. Ainda assim, vale dar uma passadinha rápida e subir no segundo andar para encontrar o painel pintado com o nome do espaço e muitas salas fechadas repletas de antiguidades e quinquilharias. E não é que até a decadência e a nostalgia são, de certa forma, charmosas? Fiquei criando altas histórias sobre o prédio enquanto estivemos lá (alô, escritoras!). Talvez o encanto que envolva o lugar seja exatamente o ‘estar de férias’, sem fazer nada. Talvez o não fazer nada apenas nos deixe mais sensíveis. De qualquer forma, se você tiver tempo de sobra, vale dar uma passadinha. Caso contrário, deixe para uma próxima, afinal, tem muitas outras coisas mais importantes para ver.

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Pasaje de la Defensa | Endereço: Defensa 1179 | Horário de funcionamento: de terça à sexta-feira, das 10h às 18h, sábados, das 10h às 19h, e domingos, das 9h às 19h.

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