A história do Met Gala é marcada pelo trabalho de três mulheres icônicas

Met Gala 1960 – Met Gala 2015

A primeira segunda-feira de maio é marcada por um dos eventos mais importantes da moda: o Met Gala. O evento, que tem como objetivo arrecadar fundos para o Costume Institute do Metropolitan Museum of Arts, reúne as celebridades mais incensadas em montações mirabolantes, que reforçam o quanto a moda pode ser divertida e nos transportar para um universo repleto de fantasia, além de entregar fashion moments que se tornam verdadeiros ícones da cultura pop – sim, Rihanna com esse look amarelo Guo Pei em 2015, eu estou falando de você.

Para entrar no clima da festa, esse post vai te contar a história do Met Gala. Para isso, visitaremos o trabalho de três mulheres incríveis e essenciais para a criação/evolução do evento como conhecemos hoje. Bora lá?

Eleanor Lambert e como tudo começou

Montagem vertical com três fotos contando a história do Met Gala. Na primeira, acima, está um jantas em preto e branco, com uma estátua de costas e muitas mulheres e homens sentados ao fundo. Em primeiro plano, estão três mulheres conversando, duas delas usando longos pretos e uma usando longo branco. Foto 2 (embaixo, à esquerda): uma mulher com vestido de gala sem alças dança com um homem de smoking em um baile com foto preto e branca. Foto 3 (embaixo, à direita): Eleanor Lambert, a criadora do Met Gala está sentada em uma cadeira de madeira, em uma foto preto e branca, usando vestido preto, colar de pérolas branco e brincos de pérolas.

Chamado de Costume Institute Gala – seu nome verdadeiro -, o Met Gala teve sua primeira edição em 1948, com um jantar elegante no início de dezembro, à meia-noite, no Waldorf Astoria. O objetivo já era angrariar fundos para o Costume Institute, por isso, a elite nova-iorquina recebeu convites para a “Festa do Ano”, no valor de 50 dólares cada – cerca de 550 dólares nos dias atuais. O formato jantar de gala + pessoas com dinheiro + hotéis e locações famosas de Nova York seguiu até o início dos anos 90.

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O Met Gala foi criado por Eleanor Lambert, uma legendária publicitária e RP responsável por difundir, alavancar e estabelecer a moda feita nos EUA. Só para você ter uma ideia do quão incrível e importante foi o trabalho dela: além do Met Gala, Eleanor também criou, em 1943, a Semana de Moda da Imprensa, precursora da NYFW, a Lista Internacional das Mais Bem Vestidas e, em 1962, o CFDA, Conselho Americano dos Designers de Moda.

Antes do trabalho de Eleanor, a “alta-moda” estava restrita apenas a Paris, e Nova York não passava de um lugar repleto de fábricas e réplicas dos designs parisienses. Dá pra saber muito mais sobre essa história e sobre o trabalho de Eleanor no livro “A Batalha de Versalhes” – temos uma resenha bem detalhada dele aqui!

Efeito Vreeland: a transição para o Met Gala como conhecemos

Montagem vertical com três fotos contando a história do Met Gala. Na primeira foto p&b (em cima) mais de 15 modelos posam em frente a um fundo cinza, usando vestidos de galas e máscaras de celebridades de Hollywood como Marilyn Monroe. Foto 2 (embaixo, à esquerda): Cher na entrada do Met Gala usando um vestido transparente com pedrarias prateadas e plumas na barra. Foto 3 (embaixo, à direita): Diana Vreeland e Yves Saint Laurent no Met Gala, de mãos dadas. Ela usa um look preto de mangas longas com detalhes dourados e vermelhos, enquanto ele veste um smoking.

O Met Gala repleto de glamour e famosos, com um tema central para os looks e a festa acontecendo dentro do museu é fruto do trabalho de Diana Vreeland. Com seu olhar apurado para a extravagância, uma lista invejável de contatos e atenção aos mínimos detalhes – da trilha sonora ao perfume que preencheria o espaço quando os convidados entravam – a aclamada ex-diretora da Vogue criou uma atmosfera completamente nova, transformando o jantar de arrecadação em uma das noites mais importantes do calendário de Nova York.

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Além de mudar o estilo e locação do “Superbowl da Moda” e convidar celebridades como Andy Warhol, Bianca Jagger e Cher para elevar a imagem e ampliar o alcance do evento, Diana também apostou na parceria com ícones como Jackie Kennedy Onassis e Pat Buckley (socialite e fashionista), que foram copresidentes de edições do evento. A prática de trazer famosos para copresidirem a festa é feita até hoje. Em 2022, os co-anfitriões serão Blake Lively, Ryan Reynolds, Regina King e Lin-Manuel Miranda.

Montagem vertical com quatro fotos contando a história do Met Gala. Foto 1 (em cima, à esquerda): Diana Ross está na entrada do Met Gala. Ela veste um vestido prateado com babados. Foto 2 (em cima, à direita): Naomi Campbell está na entrada do Met Gala. Ela veste um vestido curto colorido e estampado Versace. Foto 3 (embaixo, à esquerda): Cher está chegando no Met Gala. O look é composto por mangas longas transparentes com bordados pretos e dourados, saia preta de veludo e brincos de strass dourados. Foto 4 (embaixo, à direita): Jackie Kennedy caminha na entrada do Met Gala com um vestido sem alças e saias de babados preta.

A atuação de Diana como curadora das exposições também é destacada pelo Met e pelo ex-diretor do museu, Thomas Hoving em entrevista: “Tivemos que manter os shows por nove meses, havia muito tráfego – quase um milhão para ‘Romantic and Glamourous Hollywood Design’. Nós atraímos uma multidão completamente diferente, jovem e moderna, que desde então se tornou cliente. E ganhamos muitos presentes. O instituto se tornou o ponto quente para doações.” Diana trabalhou com o Costume Institute e o Met Gala até sua morte, em 1989.

Exclusividade, números astronômicos e o controle de Anna Wintour

Montagem vertical com três fotos contando a história do Met Gala. Na primeira, acima, está estão 4 personalidades, em frente a uma luz laranja. Foto 2 (embaixo, à esquerda): Rihanna está no Met Gala com um look inspirado em roupa de padre prateada cravejada de brilhantes. Foto 3 (embaixo, à direita): Kendal Jenner e Bella Hadid estão abaixadas em frente a uma mesa. Os looks são rendados e pretos.

O Met Gala seguiu grandioso e fascinante como Diana Vreeland havia imaginado, mas foi Anna Wintour quem trouxe o ar de exclusividade, com acentos disputados e listas de convidados milimetricamente planejadas – é possível ver um pouco desse processo no documentário “The First Monday in May”. O controle minuscioso de Anna, que trabalha com o Met desde 1995, e sua equipe vai da lista ao mapa de assentos, passando até mesmo pelo que determinados convidados irão vestir, como conta essa matéria do NY Times.

A aura inacessível do evento, que reúne as personalidades mais influentes do momento nas artes, moda, música, negócios e política, contribuiu para elevar o status e deixar o Met Gala ainda mais desejado. A exclusividade é tanta que, mesmo que as pessoas ou marcas estejam dispostas a pagar os 30 mil dólares por ingressos individuais ou cerca de 250 mil por uma mesa, é Anna quem tem a palavra definitiva sobre a lista, que gira em torno de 550 convidados.

Montagem vertical com quatro fotos contando a história do Met Gala. Foto 1 (em cima, à esquerda): Karl Lagerfeld e Diane von Furstenberg estão na entrada. Karl usa um terno preto e Diane um vestido slip dress verde musgo estampado. Foto 2 (em cima, à direita): Donatella Versace está com um vestido preto transparente, ao lado de Giani, com terno e gola alta branca, ao lado de Naomi Campbell está com um vestido prateado de strass sem alça. Foto 3 (embaixo, à esquerda): Marc Jacobs e Kate Moss estão em frente a uma escada animal print. Ele usa um smoking preto e ela um vestido de um ombro só curto prateado. Foto 4 (embaixo, à direita): Alexander McQueen e Sarah Jessica Parker entram no Met Gala de mãos dadas, em looks combinando com estampa xadrez tartan vermelho.

O resultado de todo esse trabalho são arrecadações astronômicas – em 2019, “Camp: Notes of Fashion” arrecadou 15 milhões de dólares – e todos os olhos atentos para o red carpet ou qualquer selfie de banheiro que ultrapasse a rigorosa proibição de celulares e uso de mídias sociais durante o evento. O poder de Anna é tanto que, em 2014, o recém reformado Costume Institute foi rebatizado de Anna Wintour Costume Center.

A primeira segunda-feira de maio acontecia em dezembro

Montagem vertical com três fotos contando a história do Met Gala. Foto 1 (em cima): Cardi B está no tapete rosa com um vestido longo enorme de mangas longas e touca bordô. Foto 2 (embaixo, à esquerda): Beyoncé está no tapete vermelho do Met. O look é composto por vestido transparente de mangas longas com bordado de plantas. Foto 3 (embaixo, à direita): Zendaya está subindo a escadaria branca, com um vestido longo amarelo com estampa de arara vermelha.

É isso mesmo que você leu. Por 50 anos, o Met Gala aconteceu no início de dezembro. Na verdade, a famosa primeira segunda feira-de maio foi fruto de uma fatalidade. Em 1999, o curador do Costume Institute, Richard Martin, faleceu e, em respeito a sua memória, a exposição e o baile foram adiados para 2001.

Na hora de escolher uma nova data, percebeu-se que a temporada de primavera era bem menos lotada de eventos sociais em Manhattan e isso poderia ser uma ótima oportunidade para o evento se destacar ainda mais. Parece que funcionou, né?

O Met Gala 2022

Uma foto com manequins e looks estampados.

A edição 2022 do Met Gala traz a segunda parte de uma exposição celebrando os estilistas e a moda dos Estados Unidos – Eleanor Lamber ficaria bem felizinha, hein? O tema “In America: An Anthology of Fashion” investiga a evolução da lingugagem da moda americana e as peças icônicas de estilistas estadunideses, que mudaram o rumo da moda. E se no ano passado o red carpet foi um tanto quanto preguiçoso, com poucas pessoas seguindo o tema de verdade, espero que esse ano as coisas sejam melhores.

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É isso! Gostou de saber mais sobre a história do Met Gala? Eu amei fazer a pesquisa e escrever sobre!

História da Moda